6 de nov. de 2024

Solitário, solitário e atemporal, continuo.

Entre minhas mazelas, estive descontente com tudo o que foi feito errado na vida. Deixo a solicitude, abandono minhas tristezas, que por anos guardei junto com todas as minhas dores. Nunca enxerguei tudo como algo normal. Estou doente e triste; entre cartelas, apenas queria me libertar, fugir.


Por mais que desejasse, não abandonaria as mazelas que já conheci. Não tenho inimigos, mas sou solitário; tudo ao meu redor reflete meu relacionamento com minhas virtudes. Peço à minha alma que silencie a dor. Quem foi aquele que, sem prender-se, via a vida como algo normal? Desço ao mais profundo, minhas mãos sujas pelo veneno de um árido frio de tristeza, destemido perante perdas pequenas.


Vejo aqueles deitados, solitários, aflitos e tomados por tamanha rebeldia. Sinto vergonha, como se tudo o que fui estivesse agora em paz. Meus sentimentos foram esvaziados pelo simples fato de dizer o que, por si só, era simples. Houve acontecimentos que não construíram nada real ou digno. Solitário, todas as vezes que pensamos, vazios e tristes, somos a serenata dos solitários. Não temos olhos para enxergar as meras verdades. Queremos o bem, mas carregamos também as maiores dores.


Tudo o que é grandioso é melhor do que aquilo que fizemos. Só me resta esperar a minha hora, lamentar. A fatalidade disso tudo me causa dor; não posso ter o fluxo daquilo que nunca fiz. Dizem que acreditamos em tudo o que foi bom.


Assim, vi tudo o que fez meu temor. Não valorizamos o suficiente; apenas senti saudade daquilo que sempre desejei me entregar, mas não sabia como. Sabia que parte de nós maltrata o presente. Queria apenas desaparecer. Muitas vezes vejo maldade no meu presente, mas ainda assim busco a luz. Percebo o quão frágeis somos; infinitamente, tudo o que temos morre com o tempo.


Roubaram minha esperança e meus sonhos, aflitos pela vergonha. Talvez seja minha vez de recolher e ressentir tudo o que represento em minha fragilidade humana. Apenas permitam-me receber as pedras que foram lançadas sobre mim. Vivo com as manchas do passado, carregando os erros e a ignorância dos outros. Queria apenas desaparecer, resistir à luta que você me impôs.


Por que fomos feitos para nos odiar e ver a fragilidade um do outro, ao invés de nos apoiar? Deixe-me em paz, para que eu possa desaparecer. Se eu for embora, talvez você perceba que seus grandes feitos me destroem em pedaços, como se tudo o que você jogou sobre mim ainda pesasse em minhas mãos.


Somos todos egoístas, com corações fracos, incapazes de ver o mundo pelos olhos dos outros. Não há amor, não há temor; apenas lágrimas e o amargo véu de uma melodia triste. Buscamos amor ao próximo, mas também apontamos suas fraquezas, como se fôssemos divinos.



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 Não consigo entender como pessoa igual você está mundo porque me sinto grande e triste, você culpa estar aqui você tem descarregado em mim ...