Metades de Mim
Duas metades de nossas vidas
não se tornam ruins por não se encaixarem.
Há formas que o destino não molda,
há almas que o tempo não junta.
A vida me ensinou pelo gosto amargo,
pelas sombras que encontrei no caminho,
vendo nas pessoas o reflexo da dor —
tudo o que tenho nasceu do sofrimento.
E você, sem perceber,
deixou o tempo passar,
ferindo o que restava em mim.
A ferida cresceu, rompeu,
espalhando rastros de destruição.
Você não viu o tamanho da dor,
escondeu-se sob máscaras,
colocou o mundo contra mim,
fez da vergonha o seu escudo.
Mas nada se perdeu —
cada queda me fez melhor,
ensinou-me a olhar com novos olhos,
a reconhecer meus erros,
a defender-me dos conflitos.
Mesmo sabendo que, no fim,
nada pode tocar um coração
blindado pela ausência de caráter,
pelo eco do próprio egoísmo,
percebi que ninguém perde
o que nunca soube doar: o amor.
Onde estive, deixei algo puro —
mesmo entre conflitos,
carreguei amor.
Enfrentei os cruéis,
os arrogantes que pisam por se acharem deuses,
mas não me curvei.
Lutei, provei, doei-me inteira.
Não alcancei o amor supremo,
mas alcancei a mim mesma.
Metades de mim se foram.
Uma partiu;
a outra, ousou viver.
E ainda aqui estou,
porque palavras não bastam
para o que sinto.
O amor vai além das frases,
ele é atitude, é doação,
mesmo que traga dor e conflito.
Esta é minha carta aberta
a quem não viu,
a quem não entendeu.
Bastaria um gesto simples
para muitos sentirem o amor que deixei.
Posso amar —
e levarei um terço da minha existência
para as estrelas,
sabendo que nada apaga
o que Deus escreveu por mim.
Mesmo que seu coração
viva em guerra,
quando Deus está perto,
o amor se torna luz —
se eleva à décima potência.
Tudo isso sou eu,
inteira, partida, e eterna.
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