31 de dez. de 2024


 Junto comigo, tudo isso foi enterrado. Com meus sonhos, tudo que foi feito de ti também se perdeu. Não há mais o que fazer. Consigo reconstruir o castelo que me formou, mas não posso imaginar retornar ao começo. Apenas queria abreviar tudo, fugir, sumir, e não carregar mais nada além das dores e dos fardos que moldaram meus princípios. Tudo está destruído. Não houve discurso, apenas a percepção de que tudo isso é parte de mim.

Somos tão egoístas quando descobrimos que a verdade funciona para nós, mas não para os outros. Fui franco ao imaginar que somos as mesmas pessoas, mas, no fundo, diminuímos os outros por aquilo que fazem. Chegamos à lama, ao ponto de encarar tudo o que somos. Mesmo conhecendo nossas verdades, pedimos que tudo cesse. Isso apenas atrai mais feridas em mim. Nada do que façam me fará perceber que ali havia amor — apenas páginas frias e sóbrias.

Talvez seja a chance de admitir que, em algum momento, percebemos que o mundo fez escolhas erradas — contra mim, contra nós. Neste instante da vida, elevo minha mente às suas razões, às suas questões. Ainda que algo falte, tudo se resume à sua fragilidade e à incapacidade de enxergar um mundo sem fim. Melhor seria deixar para um filho o peso de lutar contra aquilo com que não concorda. Talvez fosse mais fácil virar as costas para aqueles que não pensaram em você, que agiram movidos por egoísmo e vaidade humana, sem visão da realidade de ser um ser racional, alguém que deveria amar seus filhos, mas prefere se nutrir da dor deles.

Nunca saberei onde estarei. A vida não me deu a chance de ver o mundo da forma como deveria ser. Mesmo vendo o caos, nunca fui merecedor do adeus daqueles que amei. Nunca houve limites — nem para mim, nem para os meus. Tudo o que me faz feliz foi transformado em dor. A maldade humana arrancou o amor, deixando apenas vazio. Não há temor, não há grandes humanos. Não houve limites porque a vida não é fácil, e nossos sonhos não apagam um amor tão grande.

Nunca pude compreender verdades tão cruéis quanto as das pessoas que não souberam amar os seus. Não há nada no mundo que eu deseje além de viver em um lugar onde amor e caos possam coexistir. A vida que vivemos, entre dor e superação, me faz acreditar que preciso vencer. Preciso superar meus limites. Preciso ser mais do que apenas um.

Ainda sinto o vazio. Prefiro andar em trilhos solitários do que sofrer. Somos um, e por isso quero aquilo que me transforma, que me modifica por dentro e por fora. Quero aquilo que me dá valor. Ainda não consigo cuidar dos meus, não posso zelar pelos seus objetivos. Não sou mais o mesmo que conheceu. Não me divirto com a dor alheia. O que me comove é o desejo de ajudar, de tentar fazer os outros felizes.

Sou apenas alguém comum, que luta para vencer sua própria dor. Sou egoísta, sim, mas penso em mim como todos pensam em si. E, apesar disso, continuo tentando ser melhor, tentando viver os grandes instantes de vida que ainda me restam.

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