Revejo meu futuro neste instante, e já não o enxergo com os mesmos olhos de antes. Em meio às lembranças, percebo que você sempre pareceu estar ao meu lado — mas não estava. Há em mim uma solidão antiga, uma alma cansada que clama em silêncio: “pare de me julgar, apenas me veja como sou.”
Não escolhi ser assim, carregar defeitos e cicatrizes. Apenas tentei ser um ser humano verdadeiro, alguém de bom caráter, trilhando o próprio caminho entre pedras e promessas quebradas.
Se pudesse voltar atrás, apagaria passos, vozes, e escolhas que se tornaram espinhos.
Hoje, quando olho à minha volta, vejo rostos que apontam, olhares que temem, corações que se afastam. Todos nós temos falhas — e mesmo assim, ainda acredito que é possível ser feliz dentro delas.
Os traumas e o destino moldaram o que sou, não por fraqueza, mas por sobrevivência.
Nunca fui valorizado pelo que sou, nem pelo amor que ofereço através da minha arte, dessa paixão silenciosa de poder ajudar.
O que as pessoas não percebem é o quanto sofro com o desprezo, o quanto dói ser esquecido. Elas apagam quem as decepciona, desfazem laços como quem apaga o tempo. E com isso, perdem o valor do que é humano.
Resta-me juntar os cacos, erguer-me outra vez, esconder as lágrimas e não permitir que vejam o cansaço no meu rosto.
Meu maior desafio é continuar existindo num mundo coberto de desamores e caos, onde o silêncio é o único amigo fiel.
Ninguém escuta quando a sombra da dor se deita sobre a mente, ninguém teme o frio que habita o quarto vazio.
As flores da alma murcham, buscando a sombra de uma justiça que nunca chega. Tornamo-nos reféns das próprias lágrimas.
Você me deixou perder por palavras que feriram e por ausências que pesam mais que qualquer gesto.
As pessoas esperam demais de nós.
E eu, talvez por esperança ou teimosia, ainda espero demais de você.
Quando nossas mentes se abrem, revelam sentimentos que o mundo não entende.
Eu só queria te ver fugir dos medos, correr com coragem e finalmente respirar a liberdade de ser quem é — sem máscaras, sem culpas, sem dor.
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