Não quero sonhar com a minha infância.
Você foi meu maior inimigo, a sombra que apagou a minha luz.
Tudo o que fiz nunca teve valor aos seus olhos.
Sua mente rasa me afastou de tudo que poderia ser meu.
As marcas que deixou em mim não cicatrizaram — se aprofundaram.
Suas palavras são lâminas: cortam, rasgam e deixam o sangue correr invisível.
Cada briga foi um terremoto, e nada ficou de pé.
Com você, aprendi que existem pessoas que talvez fosse melhor nunca terem existido.
Você me ensinou o ódio.
Você plantou o veneno.
Nunca mais serei o mesmo.
Sua presença é tempestade, seu olhar é veneno, seu toque é maldição.
Tudo que você toca apodrece.
Eu sou a obra torta do seu mal.
Todas as lágrimas que derramei… cada corte que fiz…
Era a tentativa de expulsar de mim o sangue sujo que me deu.
Vergonha é saber que carrego seu nome.
Você me moldou para o desprezo, me alimentou com indiferença.
Não consigo olhar para você sem sentir asco.
Não existe amor. Só dor.
Sou a vítima perfeita para o seu jogo sujo.
Nada em mim parece merecer vida, porque você me fez acreditar que não presto.
E, no fundo, talvez esse tenha sido sempre o seu plano:
quebrar o que nasceu inteiro.
Às vezes o mundo parece calmo… mas é só ilusão.
Você nunca foi importante.
Importantes foram aqueles que me deram o que você não soube dar: valor.
Você nunca me viu como filho.
E todas as portas que abri, cada passo que lutei para dar…
Foram meu milagre, mesmo que para você não passassem de nada.
Quantas vezes andei com a cabeça baixa, vendo todos florescerem enquanto eu murchava.
Então me diga:
por que me colocou no mundo?
Por que não me deixou ir antes de me arrancar cada saída?
Agora, não me peça amor.
Não me peça respeito.
Você matou tudo isso.
E o que restou é só a minha vontade de ir.
Quer que eu faça essa versão também?